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10-O RESUMO DA MODA - Lino VillaventuraModa para todos. Ou quase. Esta deveria ser a palavra de ordem da nova marca de Lino Villaventura, a Villaventura. Para os fãs deste paraense que ‘virou estilista’ no Ceará e ganhou o Brasil, e o exterior, com seu estilo artesanal de fazer alta-costura, a boa notícia é que a segunda grife trará a mesma linha de criação da primeira mas a preços mais acessíveis.

Ao criar linha mais casual, mantenho o traço, mas penso no que o brasileiro quer: inclusão social”

Em se tratando de moda, ‘mais acessíveis’ não significa ‘pechincha’. A faixa de preço varia de R$ 200 a R$ 1.900, mas, quando o assunto é o estilo único de Antonio Marques dos Santos Neto (seu nome de batismo), a Villaventura chega em hora mais que apropriada.

Em tempos da democrática fast fashion, quando ‘moda acessível’ virou quase sinônimo de produção em massa e muitas vezes com matéria prima e acabamento duvidoso, ter uma peça by Lino pode significar um ‘meio do caminho’ possível. “Sempre me perguntaram por que não fazia uma moda mais casual, para o dia a dia, que mantivesse minha assinatura. Finalmente dou a resposta. E estou feliz com a nova fase”, contou Lino ao Estado enquanto mostrava as novas peças, que acabaram de chegar às suas lojas de São Paulo e Fortaleza, além de multi-marcas.

Há que se admitir que um vestidinho by Lino, ainda que ‘para o dia a dia’, vai ter sempre cara de ‘peça exclusiva’. Mesmo em um pretinho básico, estão ali as nervuras, pregas, texturas, linhas coloridas e assimetrias que tanto encantam as fãs dos desfiles coloridos que Lino leva à passarela da São Paulo Fashion Week.

Na lista de materiais, confortáveis jérsei de seda, malha de algodão e viscose e malha, em um mistura de versáteis camisetas, regatas, T-shirt dresses e vestidos estampados e lisos. “A mesma pegada artesanal das minhas coleções se mantém. Não conseguiria fazer nada muito simples. Desde a primeira peça que criei, há mais de 20 anos, é o trabalho artesanal que faz com que as pessoas reconheçam minha assinatura.”

Por falar na primeira peça, ela ainda existe, e está bem guardada. “Foi um colete que, nos anos 70, dei de presente para a Inez, na época minha namorada e hoje minha mulher. Eu não entendia nada de moda, mas adorava criar. Como não tinha dinheiro para comprar um presente, resolvi fazer eu mesmo um. E ‘costurei’ um colete para ela”, relembra o auto-didata Lino.

A costura da primeira peça, confeccionada em saco de trigo, revela como este estilo handmade (artesanal) se manteria em cada coleção estilista. “Na época, saco de trigo era de algodão puro. Comprei, tingi, fiz um degradê e comecei a trabalhar a peça com barbante. Ficou lindo. Todo mundo amou e começou a pedir. Assim começou.”

Hoje, basta ‘folhear’ as peças Lino Villaventura para entender porque ele foi escolhido em 1989 pelo Itamaraty para representar o Brasil na feira de moda World Trade Fashion Fair, no Japão.

Foi exatamente criação descompromissada e única de Lino que seduziu os fashionistas. “No começo, diziam que meus desfiles eram quase teatro, mas para mim tudo está sempre muito ligado. Como eu não fazia parte de nenhuma ‘escola’ de estilismo, era livre para criar. E o Brasil precisava desta originalidade”, conta ele, que ganhou este ‘nome artístico’ de um jornalista cearense.

“As mulheres começaram a ver o colete que criei para a Inez e me pediam para criar algo para elas. A coisa foi ficando séria e virou uma febre em Fortaleza. Minha casa virou ponto de encontro e foi parar no jornal”, conta Lino, que, por morar no bairro Vila Ventura, ganhou o sobrenome. “Lino era como me chamavam na infância por causa do Marcelino Pão e Vinho. E o Villaventura pegou. No início não gostei, mas hoje não imaginaria ser chamado de outra forma.”

Visuais. Flertando com as artes plásticas, o cinema, a arquitetura, as formas criadas por Lino brincam com o ‘espaço’ e tempo da moda. “Meus interesses são múltiplos. Moda está em toda parte. Só agora o brasileiro começa a ter cultura de moda. É um momento especial. Tem taxista que conhece minha marca. Até de faxineiras já ouvi elogios, mesmo sem que soubessem quem sou.”

Para o estilista, a moda, mais que ao bolso, deve ser acessível aos sonhos. “Isso começa na minha vitrine. Há quem passe na frente da loja e pare só porque gosta do colorido. Não importa se não podem comprar hoje, mas sim que pensam: ‘Um dia vou comprar um Lino Villaventura’.”

Para os que são fãs da toy art, Lino também cria sonhos possíveis. “Já tinha criado uma coleção inspirada no tema. Agora criei o Puke, um bonequinho que é a minha cara. Como disse, está sempre tudo ligado.”